Ainda não sei direito como começar a escrever esse texto, mas quero tentar passar para o papel o que eu tenho em mente nesse momento. Alguns de vocês podem pensar que é muito cedo para eu me preocupar com isso (nem na faculdade eu entrei ainda), mas se você tem a minha idade (18), talvez você me entenda.
Penso que cheguei em um ponto da minha vida em que tenho tudo planejado e esquematizado para o futuro, mas nada decidido e nada de concreto ainda. E acho que é isso que tem me angustiado de uns tempos pra cá. Por um lado, ainda sou uma adolescente, que quer sair com os amigos, namorar (como se isso realmente acontecesse na minha vida, vamos combinar, nunca tive um namorado sequer), curtir a vida adoidado (entendedores entenderão) etc. Sinto que não aproveitei minha adolescência como deveria. Eu nunca podia ir em baladas (na época que eu queria ir, sabe como é, pra tentar arranjar alguém), em festas que viravam a noite, enfim, coisas que eu via todas as minhas amigas fazerem, mas que quando eu era chamada, nunca podia ir, até que chegou um ponto que ninguém mais me chamava - "a mãe dela não vai deixar mesmo". E foi assim minha adolescência. Enfim chegou o ponto que eu desisti de tentar sair e resolvi me acomodar em casa mesmo, só saindo de casa para as aulas, e das aulas para casa. Fato engraçado: depois que fiz 18 anos, minha mãe fica falando para eu sair mais (como sair mais se ninguém nunca me chama e eu já estou tão acostumada a ficar em casa que tenho preguiça??). Mas enfim, por outro lado eu me sinto mais distante da adolescência e mais perto da vida adulta. Ora veja, eu planejo meu futuro, me vejo morando fora do paÃs - talvez Nova York, talvez Londres - , sem meus pais pra me incomodar a todo segundo, sem a pressão do Ensino Médio (que finalmente acabou), toda aquela angústia de tentar se enturmar e ser aceita por um grupo de pessoas tão imaturas quanto você, com aqueles "problemas" de adolescente (que, ainda bem, nunca tive que lidar com), com aquele medo de ser você mesma por causa dos olhos "julgadores" de todos à volta e todas aquelas perguntas que você acha que nunca vai encontrar a resposta.
Quando penso por esse lado (o de estar mais perto da vida adulta), é que eu fico angustiada. Sei que ainda tenho a vida toda pela frente, mas e se eu não conseguir realizar tudo o que planejo? E se eu nunca conseguir sequer sair do paÃs? E se eu acabar morando sozinha em um apartamento pequeno com mais cinco cachorros? Não quero ficar no mesmo paÃs para sempre. Eu quero viajar, ver o mundo, viver a vida intensamente! Mas e se nada disso der certo?
Eu sei, eu sei, "você não pode viver a sua vida pensando no que poderia ter acontecido, ou no que ainda pode acontecer", já conheço esse sermão, isso não é novidade para ninguém, mas em um momento de crise existencial, o que eu quero é alguém que me entenda... Sei que - se alguém estiver lendo isso - vocês já passaram por essa fase, acho que todo mundo passa. Me corrijam se eu estiver errada, mas não é esse o momento da vida onde você decide o que você quer ser para o resto da vida? E se eu mudar de ideia daqui a dez anos ou mais? Só acho que nós jovens deverÃamos ter pelo menos um ano de nossas vidas para pensar no assunto e refletir, e ver se o que escolhemos realmente vale a pena. O mundo real é cruel, e deverÃamos todos ter um tempo para aprender a lidar com ele. É claro que não é tão simples. Tudo que os nossos pais querem para sentirem que "criaram os filhos corretamente" é que eles entrem em uma boa faculdade e se formem em alguma profissão que dê dinheiro. Ta aà o problema: e se esse jovem não quiser uma faculdade? Quem nunca ficou de saco cheio de ouvir a palavra "vestibular"? Vamos lá, pense comigo: por exemplo, alguém que queira seguir carreira musical. Claro, existe faculdade de música, mas vocês realmente acham que todos os membros dos Beatles fizeram faculdade de música? Ou de qualquer outra coisa? Claro que não! Existem muitas profissões boas por aà que não requerem nenhum tipo de ensino superior!! É por causa dessa pressão dos pais de querer que os filhos entrem em uma boa faculdade que muitas pessoas chagam perto dos seu trinta anos pensando que o que eles fizeram a vida toda não lhes dava prazer algum, e que na verdade eles estão presos em um emprego sem sentido, somente pelo dinheiro. E a felicidade? E o prazer de fazer aquilo que gosta? Isso nao conta? E se não existe curso que se encaixe no que você gosta de fazer?
No meu ver das coisas, a gente deveria ser capaz de enfrentar os pais em uma hora dessas, pedir mais um tempo para pensar, mas infelizmente, essa não é a realidade da maioria de nós. Temos que escolher a profissão das nossas vidas aos 17 anos, e não há nada que mude isso. Infelizmente. Eu só não quero olhar para trás daqui alguns anos e perguntar a mim mesma: o que estou fazendo com a minha vida? Apesar de essa pergunta já estar na minha mente nesse exato momento.
Até a próxima amigos
E reflitam...